Em seu conto "A Ilha Desconhecida", José Saramago faz um tratado filosófico muito descontraído acerca das coisas que se conhece, das que se pretende conhecer, das que são desconhecidas e das que são passíveis de conhecimento. Logo nas primeiras páginas debate-se o personagem principal com o rei, e este, dando-lhe resposta, como que se livrando do homem, dá-lhe um cartão de visita, "onde, debaixo do nome do Rei, lê-se: Rei".
Interessante como tantas vezes o sujeito se define por seu cartão! Toma-se então a coisa pela representação da coisa, ao invés da coisa em si -- lembrando, aliás, que rei tem em sua origem o vocábulo "res", isto é, a "coisa".
Aliás, mais interessante, ainda, a estrutura burocrática do reino -- a porta das petições, a porta dos obséquios e a porta das decisões são três importantes lugares pelos quais temos acesso à percepção de uma organização política que remonta as últimas descobertas ao tempo das caravelas (pela visão de Saramago, não a minha).
Excelente leitura, que deve, aliás, ser lida várias vezes, para perceber a simplicidade e profundidade da reflexão em inegavelmente talentoso escritor.
Por isso é o primeiro a constar na lista de Literatura que hoje começo a atualizar.
Recomendo para todas as idades -- pois para todas terá, com certeza, uma bela mensagem a entregar.
Hesitei tanto em escrever esta descrição, dedo em "shift" para escrever a primeira palavra, que o computador perguntou se queria ativar as teclas de filtro. Falta a minha, de inteligência, que justifica este título sem maior pretensão.
Aqui o leitor encontrará algo de Direito e algo de Psicologia; eventualmente, impressões relativamente poéticas da vida.
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
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